Globalização e os problemas mundiais
por Caroline Leite de Camargo
Com a globalização, que teve início basicamente no século XVIII, através da Revolução Francesa, onde a principal meta era a liberdade da população em relação aos regimes absolutistas da época; a igualdade de direitos não só entre ricos e pobres; mas como ocorreu quase dois séculos à frente, a igualdade de direitos entre mulheres e homens, negros e brancos, enfim igualdade de todas as minorias existentes, bem como garantir a fraternidade entre todos os povos do globo. Já em meados do século XX, a preocupação não foi só em garantir direitos aos que já vivem sobre o planeta, mas também uma preocupação quase que mundial com a preservação deste planeta para que as futuras gerações possam conhecê-lo, pelo menos em parte como o temos hoje.
No início do século XXI, além de todas as outras formas anteriores de preocupação para garantir tais direitos às populações com a evolução histórica, social e tecnológica das nações, há um grande desafio em conciliar a globalização mundial com a cidadania global, as diversidades culturais, o desenvolvimento sustentável, os novos valores acrescidos aos direitos humanos; sem falar da criação de uma maior equidade entre as economias mundiais.
Para alcançar tais objetivos não será fácil, ainda mais com uma população em crescente expansão, e com isso a expansão contínua dos problemas. Lança – se o desafio para que a ONU juntamente com todos os Estados do globo e as demais organizações não governamentais possam cumprir os objetivos estipulados na Carta de São Francisco e na Declaração do Milênio, assinada em 2000, que prevê metas a serem alcançadas pelos países até 2015; e principalmente, voltar os olhos para uma nova fundamentação da Paz.
Uma das teorias mais aceita para atingir a paz é a universalização dos Direitos Humanos e do Princípio de Solidariedade. Os princípios dos Direitos Humanos não devem ser confundidos com o processo de globalização, que é uma inter-relação entre todos os cantos do globo, onde a economia, a cultura, tudo tem influência global; em parte os Estados estão perdendo sua soberania em favor de uma evolução mundial, esta se esquecendo o tão sonhado bem comum em favor da competitividade. Com a difusão dos meios de comunicação, é possível saber o que ocorre do outro lado do globo em questões de segundos.
Como já dizia Edgar Morin: “com a globalização nasce uma nova civilização”, acostumada com as facilidades de seu cotidiano, totalmente individualista e gananciosa. Hoje quem dita as regras de uma sociedade é o mercado, cada vez mais exigente, com uma grande diversificação de produtos. A Organização Mundial do Comércio foi o primeiro passo para a globalização. Não que ela só tenha trazido malefícios para a humanidade; a ciência, a saúde e a tecnologia tem se beneficiado muito com a possibilidade de interagir conhecimentos e aprimorar descobertas, graças ao surgimento e popularização da internet.
Quando surgiu o termo globalização, previa-se que haveria uma inclusão, onde todos os Estados seriam capazes de produzir igualmente, mas foi exatamente o inverso que ocorreu; quem era excluído, hoje é mais excluído e quem detinha poder, hoje o detêm ainda mais.
Para a globalização existem três aspectos relevantes: eficiência, competência e livre mercado.
A pior conseqüência da globalização refere-se ao trabalho, que com a mundialização e a facilidade de multinacionais entrarem e saírem de quase todos os cantos do globo, os direitos trabalhistas dificilmente são respeitados, e os sindicatos, quase sempre, acabam sendo engolidos.
Outro fator relevante causado pela globalização é a migração, que trás com ela a variabilidade de culturas e o surgimento de novas formas de discriminação, bem como a xenofobia, que nada mais é que o repúdio de pátrios a estrangeiros; tal fato é muito comum entre países desenvolvidos, onde é mais intensa a migração de pessoas tentando se livrar de formas subumanas de existência, o multi-culturalismo é herança de uma “sociedade de rede”, na qual estamos inseridos desde a popularização dos meios de comunicação em massa, com o crescente aumento da migração, começam a surgir os cidadãos “cosmopolitas”, que segundo a tradução do Dicionário Aurélio é o “Indivíduo que vive ora num país, ora noutro, adotando-lhes com facilidade os usos e costumes ou pessoa que se julga cidadão do mundo inteiro, ou para quem a pátria é o mundo”. Com o aumento da imigração, culturas se mesclam, e centenas de pessoas passam a viver em países diferentes do de seu nascimento, na grande maioria das vezes, de forma tão subumana como as que levavam em suas pátrias, ou até piores, já que garantir os direitos humanos fundamentais a estrangeiros é praticamente impossível, já que a discriminação parte das pessoas natas. Resolver o problema, só com políticas mais humanitárias e com incentivo da não discriminação, o que se torna cada dia mais difícil com a crescente individualização do globo.
Visando o estudo dos direitos humanos e suas garantias, tanto para cidadãos natos, como para estrangeiros, primeiramente especifiquemos seus principais aspectos, que são o sujeito, o objeto, o conteúdo, os caracteres, os fundamentos, as garantias, etc. Mas para que possamos estudar de fato a aplicação de suas teorias é necessária a aceitação de uma reorganização de tais garantias, já que com a globalização e a constante evolução da civilização, surgem novas necessidades e garantias antes irrelevante.
Na visão do professor Jesus Lima Torrado, atualmente esta presente uma nova forma de totalitarismo, o “globalitarismo”, que tem como personagem principalmente as empresas multinacionais e as grandes instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, que emprestam dinheiro às nações necessitadas, ficando estas nações submissas a estes órgãos.
A internet tem papel fundamental no processo de globalização, já que através dela é possível à disseminação de diferentes formas de ideologia, podendo proporcionar uma eliminação do “pensamento único”, que se baseia no princípio de “menos Estado, mais mercado”, tal teoria surgiu com o conceito equivocado de globalização dos direitos humanos, e com tal equívoco, tal conceito ainda vigora.
Com relação à globalização, são inúmeras as correntes que tentam explicá-la, alguma a seu favor, outras, totalmente adversas ao seu surgimento, mesmo que aceitem que seu surgimento foi natural através da evolução da civilização através dos séculos.
Até teorias como as de Adam Smith e Darwin tentam explicar o efeito chamado “globalização”, como se fosse uma “mão invisível a fim de corrigir as asperezas e disfunções do capitalismo”, ou então a famosa lei de Darwin, onde “só os mais fortes sobrevivem”, no qual explica porque existem paises pobres e ricos.
Solucionar o problema requer muito estudo e paciência, começando primeiramente com uma reestruturação da Organização Mundial do Comércio, proporcionando aos povos subdesenvolvidos uma maior participação no mercado, garantindo melhor condição de vida a sua população e melhor aplicabilidade dos princípios dos direitos humanos, para isso é inevitável a participação dos meios de comunicação em massa, como a internet, e o apoio de Governos e ONGs, podendo possivelmente mudar tal quadro
Bibliografia
TORRADO, Jesus Lima. El Pensamento único e su incidencia ideológica sobre el sistema de derechos humanos. Departamento de filosofia del direcho y filosofia política, Faculdad de Derecho. Universidade Complutense de Madrid, 1998.
________, Globalización y Derechos Humanos. Departamento de filosofia del direcho y filosofia política. Faculdad de Derecho. Universidade Complutense de Madrid, 2005.
________, ¿Qué modelo de integración social? Pluriculturalismo versus multiculturalismo. Comunicacion al IV Congreso Catolicos y Vida Publica. Desafios globales: la Doctrina Social de la iglesia hoy. Comunicacion adscrita a la mesa redonda 3.A. Integración social. Departamento de filosofia del direcho y filosofia política, Faculdad de Derecho. Universidade Complutense de Madrid.
ALVES, J.A. Lindgren. A Declaração dos Direitos Humanos na Pós-modernidade. Disponível em http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/lindgrenalves/lindgren_100.html, acessado em 19 de julho de 2007.
Atividades.
Podemos dizer que a Globalização pode diminuir as distâncias ?Justifique.
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